Folha 765
- Fundação Procafe
- 24 de jul.
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ATAQUE GRAVE DA BROCA DAS HASTES EM CAFEEIROS ROBUSTA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
J. B. Matiello - Eng Agr Fundação Procafe e Cássio Vitorazzi e Hugo V. Siqueira - Engs Agrs Faerj Senar ATe G
Foi constatado, pela primeira vez, um ataque da broca das hastes, em cafeeiros robusta, na região Norte do Estado do Rio de Janeiro.
A broca das hastes (Xylosandrus compactus) é um pequeno coleóptero, da família Scolytidae, de cor castanha escura, sendo muito parecida com a broca dos frutos. Ela perfura os ramos, tanto a haste principal como a ramagem lateral, faz uma galeria na medula desses ramos, onde se desenvolvem as larvas, pupas e adultos. Em decorrência da destruição da medula dos ramos, a parte acima da galeria, primeiro murcha, depois seca e esses sintomas, de ramagem seca, podem ser observados de longe conforme pode ser visto nas fotos aqui incluídas.
No Brasil, a primeira constatação foi em 1998, em parcelas de cafeeiros robusta (Coffea canephora) no Sul da Bahia (Matiello et al., 1998). De forma mais abrangente a praga também foi constatada novamente em 2005 nas regiões Norte, Central e Sul do Espírito Santo, em cafeeiros conilon (C. canephora) (Daré & Fornazier, 2005; Matiello et al., 2005; Fornazier et al., 2009). Em 2009 foi observada em cafeeiros robusta na região das Matas de Minas (Matiello et al., 2009). Em 2015 foi constatada, nessa mesma região de MG, em cafeeiros das espécies C. liberica e C. congensis, em uma coleção do CEPEC. Em 2019 ela foi observada em cafeeiros robusta em Rondônia (Matiello et al.; 2019). Em 2021 foi observada a ocorrência da broca das hastes, pela primeira vez, em cafeeiros arábicas da cultivar Arara, no município de Mantenópolis, Região Noroeste do estado do ES. Em 2023 foi constatada a broca de ramos em cafeiros das cultivares Arara e Acauã, em Mulungu, CE (Matiello et al, 2023).
A constatação agora realizada, pela primeira vez, no estado do Rio de Janeiro, foi efetuada em lavoura de robusta/conilon, de 2 anos de idade, cultivada no município de Cardoso Moreiraa, região Norte do estado do Rio de Janeiro, em altitude de cerca de 80 m. Os sintomas/sinais de ocorrência da praga foram observados pelo aparecimento de ramos, ponteiros e laterais, secos em algumas plantas, nos quais foram verificados pequenos orifícios. Cortando-se o ramo, longitudinalmente, na região do orificio, verificou-se presença de galeria interna, na medula do ramo, onde foram encontrados adultos da broca.
O ataque da broca dos ramos em uma região onde praticamente não existem cafeeiros indica que a broca deve ter migrado de outras plantas para o cafeeiro, provavelmente, de outras árvores, pois existem relatos de plantas hospedeiras como -urucum, graviola, mogno africano, araçá, manga, mandioca, chuchuzeiro e abacateiro.
No ataque agora constatado verificou-se que a broca teve preferência de infestar o clone K61, que se encontrava plantado em linhas, juntamente com outros clones, como A1, R8, R22 e 2B. O clone K 61, provavelmente, possui alguma descendência de cafeeiros de variedades robusta. Ele foi desenvolvido no Espírito Santo, tem boa tolerância à ferrugem do cafeeiro, fazendo parte de um conjunto de materiais clonais utilizados para garantir alta produtividade, vigor e adaptação às condições de cultivo.
Os principais sintomas observados no ataque foram: perfurações visíveis nas hastes, presença de galerias internas causadas pelas larvas, murcha e seca de ramos afetados.
Para o controle da broca das hastes são indicadas medidas de poda, eliminando as partes afetadas e queimando-as, para reduzir a população da praga. O uso de inseticidas tem pouco efeito pois os insetos se abrigam dentro das hastes, porém, é possível que os inseticidas usados para controle da broca dos frutos tenham algum efeito, também, para a broca das hastes.


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