Folha 764
- Fundação Procafe
- 16 de jul.
- 2 min de leitura
PREPARO MECANIZADO DO SULCO DE PLANTIO DE CAFÉ EM MONTANHAS
J.B. Matiello- Eng Agr Fundação Procafé e F. Stockl – Téc. Cafeeira Stockl
Um sistema de mecanização no preparo do sulco de plantio de cafeeiros, em terrenos montanhosos, vem sendo usado, com bons resultados na formação de lavouras.
A cafeicultura de montanha tem grande importância no Brasil, pois ocupa mais de 650 mil ha de lavouras, sendo responsável por safras anuais de 14-16 milhões de sacas de café. Além do aspecto econômico, gerando renda, para as propriedades e para as regiões, ela utiliza áreas declivosas, com poucas opções agrícolas.
Justamente pela topografia desfavorável dos terrenos, as lavouras de café nas montanhas utilizam predominantemente tratos manuais, o que onera os custos de produção. Na implantação de cafezais o preparo usual tradicional consiste na abertura de covas para plantio, com utilização de enxadões ou de perfuratrizes motorizadas, de operação manual. Esse sistema tem baixo rendimento e exige muita mão-de-obra.
Um sistema novo, que permite preparar o sulco de plantio de café em terrenos declivosos, foi desenvolvido e vem sendo aperfeiçoado. Ele é realizado em 4 etapas. Primeiro são marcadas as linhas, onde vai ser feito o plantio. Para isso usa-se um filete de calcário, distribuído em linhas sobre o terreno, acompanhando o nível ou contra o desnível, observando o espaçamento desejado entre elas.
Com as linhas marcadas entra o trabalho de uma escavadeira de esteira, de porte grande, munido de concha ou hastes subsoladoras especiais. Ela caminha morro abaixo oumorro acima e vai abrindo, lateralmente, pequenas porções de sulcos, uns 5m em cada linha, coincidindo com o risco de calcário.
Com o uso da concha fica um sulco meio aberto, pois a terra escorre e tapa parcialmente o sulco. Com 3 hastes subsoladoras, no lugar da concha, o trabalho fica melhor, pois afofa o terreno de forma mais profunda e deixa uma faixa mais larga preparada. O rendimento do maquinário depende da declividade, sendo que ele pode operar em área com até mais de 100% de declive. Na área avaliada, em Marechal Floriano, para sulcar cerca de 4,5 ha foram gastas 44 horas da escavadeira. Nessa área, no espaçamento de 3x0,5m, serão plantadas cerca de 30 mil mudas. Deste modo o rendimento nessa área, bastante declivosa, foi de sulcar para o equivalente a cerca de 600 plantas por hora.
A terceira etapa consiste em distribuir os adubos e corretivos sobre o sulco. Normalmente vai o calcário, um adubo fosfatado e pode ir, também, um orgânico.
Finalmente, a quarta etapa, onde se utiliza de um tratorito, um pequeno moto-cultivador (ver ilustração), que, com sua rotativa, vai se deslocando sobre o sulco, misturando e incorporando os adubos com a terra, à cerca de 20 cm de profundidade.
Sobre esse sulco preparado é feito o plantio das mudas, que fica pouco mais profundo, com isso facilitando o acúmulo de água das chuvas e melhorando o pegamento e desenvolvimento das plantas.


Comentários